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Setor de serviços tem queda forte e inesperada em agosto, mas IBGE não vê inflexão

Luana Maria Benedito
Luana Maria Benedito
Jornalista na Reuters
Rodrigo Viga
Rodrigo Viga
Jornalista

O volume de serviços do Brasil teve queda acentuada em agosto, em resultado que interrompeu uma sequência de três meses de ganhos e frustrou com força as expectativas de economistas, mas que, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ainda não indica uma inflexão no setor.

O volume de serviços prestados no país recuou 0,9% em agosto frente ao mês anterior, após ter acumulado ganho de 2,1% no período de maio a julho, informou o IBGE nesta terça-feira. O resultado marcou a maior queda para qualquer mês desde abril de 2023 (-1,7%) e a baixa mais intensa para agosto desde 2016.

Além disso, a leitura ficou bem abaixo da projeção em pesquisa da Reuters de avanço de 0,4%.

No entanto, “a queda de agora não é uma inflexão do setor de serviços; é puxada por transportes, especialmente por cargas, que vinha de um pico recorde em julho”, explicou Luiz Carlos Almeida, analista do IBGE. “Depois de três meses de alta, há um ajuste, uma acomodação, mas não uma mudança de trajetória.”

De fato, o setor de serviços ainda se encontra 11,6% acima do nível pré-pandemia, de fevereiro de 2020, e está apenas 1,9% abaixo do pico da série histórica, atingido em dezembro de 2022.

Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, o volume de serviços registrou alta de 0,9%, contra expectativa de economistas de avanço de 2,8%.

A leitura de serviços de agosto foi influenciada principalmente pelo setor de transportes, que teve queda de 2,1% no volume, contra avanço de 0,5% em julho. Esse resultado foi puxado principalmente pelo recuo nas atividades de gestão de portos e terminais e de transporte rodoviário de cargas, que, segundo o IBGE, está com uma base de comparação muito elevada e sente a pressão de efeitos sazonais.

“As maiores colheitas e safras acontecem no primeiro semestre. Há uma perda de dinamismo a partir do terceiro trimestre, então a queda de transportes se torna mais natural”, explicou Almeida.

Além de transportes, outras três das cinco atividades pesquisadas ficaram no campo negativo em agosto. Os serviços prestados às famílias recuaram 3,8%, no que o analista do IBGE atribuiu à força do setor no mês anterior.

“Os serviços em julho e em dezembro são mais fortes, com férias escolares, e isso acaba favorecendo a prestação de serviços às famílias, tanto que, em agosto, pós mês (de julho), houve queda”.

A atividade de informação e comunicação perdeu 0,8% e os outros serviços caíram 1,4% em agosto.

A única atividade a registrar crescimento foi a de serviços profissionais, administrativos e complementares, que subiu 1,7% em agosto.

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