Dois anos depois que a inflação começou sua rápida ascensão, investidores, economistas e autoridades continuam divididos sobre o caminho a seguir.
A inflação nas principais economias desenvolvidas têm recuado de máximas de várias décadas, os impulsos inflacionários da Covid-19, como o aumento dos preços de carros usados e semicondutores, estão diminuindo e a crise de gás na Europa esfriou.
Mas os mercados de trabalho estão apertados e as pressões sobre preços excluindo energia e alimentos voláteis permanecem elevadas.
Veja argumentos favoráveis e contrários à noção de que a inflação está caindo de forma rápida, em direção ao nível de 2% que a maioria dos bancos centrais almeja.
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Argumentos a Favor de Queda Rápida
1) Preços de Energia
A queda dos preços de energia está puxando para baixo a inflação.
Com os preços europeus do gás natural no menor nível desde agosto de 2021, com queda de 85% em relação ao pico do ano passado, a inflação na zona do euro já não está na casa dos dois dígitos.
A inflação nos Estados Unidos subiu 6,4% em janeiro, a menor alta desde outubro de 2021, de uma máxima de 9,1% em junho passado.
A reabertura da China elevou os preços do petróleo. Mas a 83 dólares o barril, o petróleo Brent ainda caiu 40% em relação aos 139 dólares atingidos logo após a invasão da Ucrânia.
2) Estabelecimento das Cadeias de Fornecimento
As interrupções na cadeia de suprimentos causadas pela Covid-19 e a guerra na Ucrânia, principais impulsionadores do aumento da inflação, diminuíram drasticamente.
Um índice do Federal Reserve de Nova York sugere que as cadeias de suprimentos globais “voltaram ao normal”, já que as pressões são as mais baixas desde antes da pandemia, com a reabertura da China despontando como a mais recente evolução.
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3) Onde está a Espiral Preços-Salários?
Os mercados de trabalho estão apertados. Mas um índice de custo do emprego que o Fed observa está desacelerando e registrou seu menor aumento em um ano no quarto trimestre.
Os salários reais do Japão caíram pelo maior nível em quase nove anos em janeiro, enquanto os salários italianos subiram apenas 1,1% em 2022, contra a inflação média de 8,7%.
Os lucros corporativos têm representado a maior parte das pressões domésticas sobre os preços da zona do euro desde 2021, mostraram dados do Banco Central Europeu. Um estudo recente do FMI, que remonta à década de 1960, constatou que apenas em uma pequena minoria de casos em que os salários e a inflação aumentaram juntos por vários trimestres houve inflação sustentada.
Argumentos para Inflação Persistente
1) Lição da História
Desde 1970, uma vez que os preços subiram em média 8% em 14 mercados desenvolvidos, levou pelo menos seis anos para a inflação voltar a cair para 3%, de acordo com uma análise da Research Affiliates.
Dados da London Business School mostram que a inflação em 21 países desde 1900 disparou durante guerras e crises de energia e foi seguida por uma série de picos menores em vez de uma clara trajetória descendente.
Uma pesquisa da Reuters previu inflação nos EUA em 2,7% até o final de 2023, com estimativas de até 4,6%. A inflação na zona do euro estará entre 2% e 5,2% ao final do ano, de acordo com as projeções.
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2) Dia de Pagamento
Um mercado de trabalho apertado nos EUA sugere que a inflação permanece estável. A criação de 500 mil novos empregos em janeiro levou a uma retomada das apostas na alta dos juros.
Os aumentos salariais podem não estar impulsionando a inflação agora, mas o risco é de que logo o farão. As expectativas de crescimento salarial da zona do euro entre os consumidores ainda estão subindo, mostraram dados do BCE.
As autoridades do BCE disseram que, se a inflação alta persistir, as demandas por salários compatíveis com a inflação se tornarão mais prováveis. Autoridades do Fed observaram em fevereiro que o crescimento dos salários manterá os preços dos serviços elevados.
3) Fator China
A reabertura econômica da China aumentará as pressões globais sobre os preços, à medida que o comércio e as viagens aumentam a demanda do maior comprador mundial de commodities.
Analistas consultados pela Reuters esperam que a China importe uma quantidade recorde de petróleo bruto em 2023.
As fábricas chinesas estão avançando. A atividade manufatureira de fevereiro aumentou no ritmo mais rápido em mais de uma década.
O Goldman Sachs espera que a reabertura da China possa eventualmente aumentar a inflação dos EUA em 0,5 ponto percentual.
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