Questões ambientais, sociais e de governança (ESG) são hoje prioridade para empresas em todo o mundo. Mas, afinal, quais medidas os líderes corporativos podem tomar para que suas ambições se transformem em iniciativas concretas?
- Para incorporar elementos ESG ao programa de compliance de sua empresa é preciso, necessariamente, envolver uma série de stakeholders em sua cadeia de suprimentos e rede de distribuição.
- Um programa de compliance ESG é benéfico tanto para seus negócios quanto para o meio ambiente, e pode ser implementado em apenas cinco passos.
- Quando um programa de compliance ESG é bem projetado, ele ajuda a criar um vínculo direto com a comunidade de investidores.
Com a ambição de mitigar o impacto do ser humano sobre o planeta, um número cada vez maior de CEOs ao redor do mundo tem focado no “E” da sigla ESG.
E, embora o cumprimento das obrigações regulatórias e legais de uma organização seja função do departamento de compliance, essa missão mais ampla –de incorporar elementos ESG ao programa de conformidade— precisa envolver uma ampla gama de stakeholders.
Estima-se que mais de 80% das emissões de uma empresa sejam encontradas em sua cadeia de suprimentos. Consequentemente, qualquer programa que pretenda mirar emissões de poluentes ou que tenha obrigações de sustentabilidade deve, em primeiro lugar, ampliar o foco de ação para abranger as suas redes de gestão de compras e toda a sua cadeia de suprimentos.
Explicação rápida: fatores ESG nas corporações
- O “E”, de “Enviromental” (em português, “Ambiental”) considera o desempenho de uma empresa como administradora de nosso meio ambiente, analisando, por exemplo, resíduos e poluição, esgotamento de recursos naturais, desmatamento, sustentabilidade e preocupações com mudanças climáticas.
- O “S”, de “Social” analisa como uma empresa trata as pessoas, lida com saúde e segurança, defende os direitos humanos, combate o trabalho infantil e a escravidão, entre outras coisas.
- O “G”, de “Governança” leva em consideração como a empresa opera seus negócios e realiza a sua administração.
Além de incluir no programa de compliance todas as partes interessadas, é importante lembrar que o cenário regulatório relacionado a questões ESG é bastante complexo.
Isso porque alguns regulamentos exigem relatórios estatutários e de due diligence, enquanto outros –como as novas leis alemãs para as cadeia de suprimentos— podem impor multas pesadas, de até 2% do faturamento global da organização, e proibições de contratos com órgãos públicos.
Diante desse cenário, ficam cada vez mais evidentes os motivos que têm levado as organizações a estender os programas de compliance com fatores ESG a toda sua cadeia de abastecimento. Mas, na prática, como se faz isso?
Assista o vídeo: “Creating a 360-degree view of third-party risk”
Plano de ação
Veja a seguir as cinco medidas práticas que ajudarão você a colocar em funcionamento um programa de compliance ESG:
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Defina objetivos claros
Hoje em dia, podem haver inúmeras razões por trás da decisão de uma empresa de adotar um programa de compliance ESG. Em geral, o principal objetivo é ajudar a reduzir o impacto dos seres humanos no meio ambiente, mas podem existir também motivações comerciais e, claro, regulatórias. E, recentemente, temos visto cada vez mais organizações que o fazem para atrair investidores, já que a agenda ESG tem ganhado destaque em boa parte do setor financeiro.
Portanto, antes de começar essa jornada, lembre-se: defina seus objetivos.
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Fique atento ao cenário de finanças sustentáveis
Como acabamos de comentar, os investidores têm atuado como fortes impulsionadores de programas de compliance ESG ao priorizarem companhias que demonstram ser sustentáveis no longo prazo. E, ao agir desse jeito, eles acabam estimulando o surgimento (em ritmo acelerado) de fundos de investimento com mandatos ESG.
Dessa forma, empresas que ainda não adotaram uma clara mensagem ESG têm tido cada vez mais dificuldade para se encaixar nos novos conjuntos de fundos verdes que estão sendo lançados no mercado.
Isso levou a uma mudança significativa na forma como os stakeholders enxergam os programas de compliance ESG, e áreas de negócios como compras e gerenciamento da cadeia de suprimentos estão deixando de focar unicamente na qualidade e no custo do abastecimento. Atualmente, esses grupos já são vistos por executivos e líderes financeiros como um elo crucial para o financiamento de qualquer negócio.
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Selecione seu tipo de estrutura de compliance
As estruturas de compliance variam bastante. Há desde as genéricas, como ISO19600 ou ISAE 3000, que podem ser modificadas para cobrir praticamente qualquer tópico, até aquelas sob medida.
Estruturas mais específicas podem ser aplicadas a cada tópico relacionado a ESG, como o Green House Gas Protocol Corporate Accounting and Reporting Standard. Estes serão mais adaptados a uma obrigação específica, mas podem exigir mais trabalho para serem adotados internamente.
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Lembre-se de seus relatórios
Qualquer programa de compliance precisa seguir um formato que seja facilmente compreendido pela comunidade de investidores. Isso requer descrições gerais do funcionamento do negócio, possivelmente usando a taxonomia da União Europeia para atividades sustentáveis ou ferramentas mais detalhadas, como o FTSE Russell Green Revenues Classification System (GRCS).
Além disso, para tópicos específicos, como relatórios de carbono, geralmente é possível escolher entre várias opções.
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Priorize e comunique
Devido às rotineiras restrições de tempo e, obviamente, orçamento, é crucial que você priorize suas obrigações.
Após estabelecer um conjunto claro de prioridades, crie e comunique políticas que definam suas intenções, detalhando, inclusive, os recursos que serão comprometidos para alcançar cada um dos objetivos.
Colha os benefícios
Se for bem-sucedida, a integração de considerações ESG na cadeia de suprimentos oferece uma série de benefícios. Além de inovação, produção de melhores produtos e custos mais baixos, as empresas ainda obtêm vantagens competitivas ao deixar claro que valorizam a sustentabilidade, atendendo às expectativas de uma base de clientes cada vez mais consciente e exigente.
E, se organizações puderem mostrar que compartilham das crenças éticas de seus colaboradores, acabarão melhorando o nível de retenção de funcionários –outro ponto positivo.
No entanto, mais do que isso, as iniciativas ESG são importantes para auxiliar nosso planeta, e programas ESG bem elaborados e robustos podem criar um vínculo direto com a comunidade de investidores, com claros benefícios para o futuro de qualquer negócio.