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Preços da gasolina cairão em 2022? Depende da Opep e dos EUA

Stephanie Kelly
Stephanie Kelly
Repórter de Energia, Reuters
Noah Browning
Noah Browning
Correspondente, Reuters
Sabrina Valle
Sabrina Valle
Repórter de Energia - Reuters

A queda dos preços na bomba de combustível em 2022 depende de dois grupos de produtores que estão lutando para aumentar a produção de petróleo: Opep e seus aliados e empresas de “shale” dos Estados Unidos.

A lenta resposta do setor petrolífero global ao aumento da demanda em 2021 contribuiu para os crescentes custos de energia e pressões inflacionárias em todo o mundo.

À medida que a economia se recupera e as populações retomam as viagens rodoviárias, ferroviárias e aéreas, a demanda global por petróleo quase voltou aos níveis anteriores à pandemia.

A oferta não se recuperou tão rápido –então, para acompanhar a demanda, o setor está queimando o petróleo armazenado.

Os preços de referência do petróleo atingiram máximas de vários anos, acima de 86 dólares o barril, e alguns economistas alertam que o petróleo pode ultrapassar 100 dólares o barril, ameaçando a recuperação.

A Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) espera que o mercado de cerca de 100 milhões de barris por dia (bpd) fique com saldo positivo no primeiro trimestre do ano que vem, e que a oferta supere a demanda em 1,1 milhão de bpd, reduzindo um pouco os preços.

Esse excedente de oferta pode aumentar para 2,2 milhões de bpd no segundo trimestre, segundo previsões do órgão de energia.

Essas projeções, no entanto, dependem de a Opep e seus aliados aumentarem a produção em 400.000 bpd por mês, conforme o grupo conhecido como Opep+ lentamente desfaz os cortes que foi forçado a fazer durante a pandemia.

Mas o relatório mensal da IEA na terça-feira mostrou que a Opep+ está longe de suas metas: produziu cerca de 700.000 barris por dia (bpd) abaixo desses níveis em setembro e outubro. Isso se deve em grande parte aos principais produtores africanos Nigéria e Angola, cujos problemas de manutenção e investimento devem pesar na produção no próximo ano.

Se a subprodução continuar, ela poderá eliminar grande parte do superávit do primeiro trimestre e manter os mercados apertados por mais tempo. A AIE elevou sua previsão de preços médios de 2022 para 79,40 dólares o barril, mesmo dizendo que o aumento da oferta poderia dar algum alívio.

Os Estados Unidos e outros grandes consumidores de energia pediram à Opep+ que aumentasse a produção mais rapidamente, mas o grupo se recusou devido à preocupação de que o coronavírus possa reduzir a demanda durante o inverno do hemisfério norte.

O mercado agora está olhando para a chamada indústria de xisto dos EUA, que forneceu a maior parte do aumento da produção fora da Opep na última década.

“Há um elemento onde você provavelmente poderia aumentar ainda mais a capacidade, que é o xisto nos EUA”, disse Marco Dunand, presidente-executivo da Mercuria Energy Trading, na Reuters Commodity Trading Summit esta semana.

Produção Na América Latina E Canadá

Os produtores latino-americanos não pertencentes à Opep estão aumentando a produção. A Guiana, relativamente recém-chegada no cenário global do petróleo, deve ter 220.000 bpd de capacidade extra em um sistema de produção flutuante operado pela Exxon no início do próximo ano.

A brasileira Petrobras está avançando com a produção de sua plataforma flutuante de 180.000 bpd Carioca, que em agosto iniciou atividades no campo de águas profundas de Sépia, na Bacia de Santos.

A Venezuela viu suas exportações aumentarem depois de receber condensado iraniano, mas não está claro se isso pode ser sustentado, disse Francisco Monaldi, diretor do Programa Latino-Americano de Energia do Instituto Baker da Rice University.

A oferta canadense pode aumentar cerca de 100.000 bpd no primeiro trimestre, afirmou Ann-Louise Hittle, vice-presidente da consultoria Wood Mackenzie, mas as empresas de petróleo do quarto maior produtor mundial também estão restringindo a produção.

A oferta total de petróleo deve chegar a 99,8 milhões de bpd no primeiro trimestre de 2022, superando a demanda estimada em 98,9 milhões de bpd, disse Hittle.

Mas a consultoria de energia FGE alertou que o equilíbrio entre oferta e demanda do mercado pode não mudar rapidamente com os estoques dos países desenvolvidos em níveis mínimos de seis anos.

“Embora os preços provavelmente tenham uma tendência de queda em relação ao pico do mês passado, a atual posição de estoque baixo sustenta o risco de os preços subirem nos próximos meses”, disse a FGE.

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